AVE MARIA E PAI NOSSO ULTRAJANTES
Em julho de 1946, Campos do Jordão amanheceu coberta com duas orações sacrÃlegas espalhadas pela cidade em folhetins impressos.
O Pai Nosso dizia: “Macedo Nosso que estais no Reino, putrificado seja o vosso nome, venha a nós Luiz Carlos Prestes. Seja feita a Vossa vontade, assim em São Paulo, como em todo o Brasil. O pão nosso de cada... três dias nos daà hoje. Perdoai os nossos padeiros, assim como perdoamos a falta de trigo. Não nos deixais cair no domÃnio americano. Livrai-nos Prestes desse mal. Amém.â€
A Ave Maria dizia: “Ave Maria Crispim, cheia de talento, o Prestes é convosco; bendito sóis vós entre os deputados, bendito seja o fruto do Comunismo, amém! São Dutra, pai da miséria, rogai por nós miseráveis agora e na hora de entrar na fila, amém!â€
Embaixo dessa publicação, a lembrança: “Para ser rezada na fila do pãoâ€. Imediatamente, o vigário de Campos do Jordão, João Crisóstomo, foi à Delegacia de PolÃcia cobrar providencias e registrar o seu protesto, atribuindo a autoria de tais folhetins a pessoas de baixa e repugnante formação moral, distribuÃdos clandestinamente pela cidade. Atribuiu a iniciativa a membros do Partido Comunista da cidade.
A PolÃcia localizou como autor de tais folhetins um individuo chamado Djalma Henington Portilho Bentes que, ouvido pela autoridade policial, declarou ser comunista e que estava em tratamento de saúde em Campos do Jordão.
Apesar de tudo, confessou ser católico. Tivera a iniciativa reprovável com o intuito de protestar contra o governo que pretendia tolher a liberdade de pensamento. E ainda teve a cara de pau de declarar-se católico! Ave Maria!
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