Dr. Pedro Paulo Filho

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Biografia Crônicas Livros Poesias Galeria Contato
Dr. Pedro Paulo Filho
A capital de Campos do Jordão
Campos do Jordão não é uma cidade qualquer
O João que fez nosso hino
"Nunca more de fronte a uma boite"
Falar é fácil, difícil é ouvir.
Quem foi esse Juó Bananeri?
A mãe morta salvou o filho
Ave Maria e Pai Nosso ultrajantes
Parece incrível mas é verdade
Festa Nacional da Maçã
É Proibido estacionar em abernéssia
O primeiro que entrar, morre!
Turista não respeita faixa
Homem não presta
A saudade é o perfume da ausência
Nenê foi para o céu
Jordanenses na 2ª Guerra Mundial
É gente humilde. Que vontade de chorar!
Suíça brasileira?
Igreja de São Benedito
Abaixe as calças, por favor!
O silêncio que fala
Ninguem acreditou no Hotel Escola Senac
Oswaldo silqueira é o cara!
Abaixe as calças, por favor!
A criança que virou serpente
O Terrorista Chinês
O esquecido Jagobo Pan
A Moça que se chamava Miguel
Luiz Pereira Moysés -
Grande pintor Jordanense
Mulher baixinha é fogo na roupa!
Só porque sou preto, né?
Quem foi esse tal de Macedo Soares?
Um Jordanense que era Escocês
Minha adorável sogra
A gente era feliz e não sabia
Somos Cidade de Chegar e de Voltar
A roleta Russa
Nem padre escapa da maledicência
Tempo bom que não volta mais
Ele era o outro
Negro! Bêbado! Ladrão!
Quando conto, tem gente que não acredita
Negro! Bêbado! Ladrão!
Mistérios da Volta Fria
Cala a boca Tiziu
Nelson Rodrigues em
Campos do Jordão
Ó Iracema, eu nunca mais te vi!
O frio esquenta a economia
Maria Miné
Cadê a nossa Rádio Emissora?
O Mandioca Pão
A Tragédia de Vila Albertina,
nunca mais!
As pesquisas não mentem jamais
A gruta dos crioulos
Mea culpa, mea culpa,
mea máxima culpa
Acontece cada uma nesse
senadinho ...
Gente humilde, gente heróica!
Será que o Dr. Reid está feliz?
Golpe de Mestre
Lembranças da Lagoinha
De amor também se morre
De batom e salto alto
Os Modernistas em Campos
do Jordão
T. C. C. A luta e a vitória
A van dos boêmios
Péssimo de oratória
Ó morte! Qual a tua vitória?
A Côlonia Japonesa e a agricultura
em Campos do Jordão
Rir ou Chorar?
O Medium e a Justiça
A Violinha
Prece a Nossa Senhora
dos Desgraçados
Shindô, Remmei
Olhos, Olhar, Olhares.
O Inferno Está Pertinho Do Céu
Aos Sepultados Vivos
O Cruzeiro na entrada da cidade
Meu Deus! O Mundo dá voltas ...
Sonho Realidade
O Menino e o Passarinho
João Leite Está na Ceú
Portal de Campos do Jordão
Onde está Maugeri Neto?
Não é proibido sonhar
O paraíso que acabou
Karuizawa "Cidade co-irmã"
I Festa Nacional da Maçã
Ruas de Chocolate
As vezes até Deus duvida!
A gente era feliz e não sabia
Saudades, muitas Saudades
Fantasma do Conventinho
Padre Nosso Comunista
Morte na estação de cura
Tem cada uma que parece duas
É melhor voltar ao crime
Estória de Pescador
Boatos morrem nos cemitérios
Desculpem o desabafo
Lamartine Babo na Montanha
Catinga do Povo
Uma gafe espetacular
Uma tela de Camargo Freire
Eu te amo muito, muito, muito
O Poeta e o palavrão
O crime já está prescrito
Discos Voadores na Montanha
A vigarice vem de longe,
muito longe
Cruz Credo!
No tempo do Cine Glória
Lobisomem do Rancho Alegre
Ferrovia que é patrimônio histórico
O Sacristão Analfabeto
O Cavanhaque e o Bigode
Vingança dos Jordanenses
Estância de Repouso
e de Romantismo?
Lenda dos Moedas de Ouro
Maternidade só para mulheres...
A palavra-meio e a palavra-fim
O Prefeito da Noite
O Anjo da morte na Montanha
Mais uma lenda de
Campos do Jordão
As nascentes mais altas
do Rio da Prata
A Cara de Campos do Jordão
CATINGA DO POVO

Segundo os dicionaristas, gafe é uma palavra impensada, indiscreta, desastrada. Pode ser uma rata ou esgorregadela, ou ainda um fiasco. Todos temos o nosso momento de glória, mas, o destino, às vezes, nos reserva um dia desastroso, aquilo que se costuma chamar de mancada.

Essa palavra impensada fica latejando o resto da vida e, infelizmente, inesquecível. É o caso que vamos narrar, acontecido lá no final da década de 50, quando Campos do Jordão era mais frio, mais romântico, menos violento, menos predador da natureza.

Um grupo de jovens costumava sair às noites frias e enluaradas para fazer serenatas debaixo das janelas de suas namoradas. Quando elas apagavam e acendiam as luzes do quarto intermitentemente, os rapazes vibravam, pois tinham a certeza de que ela ouvia a serenata e entendera o recado. Certo dia, ingenuamente, o pessoal resolveu fazer uma serenata no alto do Morro do Elefante na vã pretensão de atingir todas as residências situadas lá embaixo em Vila Capivari. Mesmo que Pavarotti integrasse o grupo, a pretensão seria impossível. Integravam este seleto número de seresteiros os irmãos Pedro e Daniel Cintra, Zico Cintra, Mario Colla Francisco, Nilo Conde como cantores e um extraordinário violinista (cujo nome peço licença para não revelar), que fazia o acompanhamento musical. Seu violão emitia sons maravilhosos na noite iluminada pela Lua. Ninguém queria cantar se não fosse acompanhado por aquele violão mágico. Uma bela noite, a rapaziada resolveu fazer uma serenata nos baixos do Hotel Brasil, de propriedade de Emílio Ballion, onde morava uma moça muito cobiçada.

Lá pelas tantas da madrugada, apareceu o guarda-noturno, que repreendeu a todos, pois estavam perturbando o sossego público e isso era contravenção penal. Queria porque queria que todos fossem à Delegacia de Polícia. Um dos seresteiros era vereador e exibindo a carteirinha, alegou autoridade. Com carteirinha e tudo, todos foram parar na Repartição Policial, onde o delegado, que também era seresteiro, dispensou a todos. O autor desta crônica fazia parte desse grupo etílico-musical, com uma função inédita, pois não sabendo cantar ou tocar instrumento, era o encarregado de transportar o pessoal com seu Ford 1951. Pois foi com o violonista que cometemos uma gafe espetacular. Meio amulatado e com cabelo pixaim, ele andava com uma belíssima loura a tiracolo, que chamava a atenção de todos quantos andavam nas calçadas esburacadas de Vila Abernéssia. Entusiasmado com a cervejada da noite, comecei a admirar e a descrever os atributos físicos da loira do violinista em uma das mesas da tradicional Confeitaria Elite, ponto de encontro social de Vila Abernéssia. Imprundentemente, fui longe demais. “Puxa que pernas bem torneadas! Que bum-bum perfeito! Que seios ponteagudos! Que andar altivo e provocante!“ Aí fiz uma pergunta trágica: “Quem é aquele loura gostosa que está sempre com você?â€. O violonista olhou-me fixamente e com voz firme, respondeu: “Bem, Pedro, aquela loira que você acabou de despir aqui na mesa da Elite é minha mulher!†Naquele momento desejei muito ter uma síncope cardíaca, para cair durinho ao chão e nunca mais levantar. Procurei e não achei nenhuma palavra na língua portuguesa que pudesse justificar a minha imprudência. O olhar duro e frio do violonista e o seu silêncio tumular foi a mais estridente repreensão que poderia ouvir na vida.

Dr. Pedro Paulo Filho