I FESTA NACIONAL DA MAÇÃ
O evento realizado nos dias 6, 7 e 8 de março de 1953 foi idealizado pelo engenheiro agrônomo Shisuto José Murayama, à época, presidente da Associação Rural de Campos do Jordão, contando com a presença do Governador de São Paulo, Adhemar de Barros.
A imprensa nacional deu grande destaque à Estância, noticiando que ela detinha vários recordes: a cidade mais alta do Brasil, com 1750 metros de altitude, com uma rádio emissora – a ZYL – 6 – das mais altas do mundo, embora de baixa potência; o maior centro produtor de cenouras e de batatas-sementes, produzindo maçãs e pêra iguais às melhores frutas congêneres da Europa, Estados Unidos e Argentina.
O grande desenvolvimento da agricultura se deveu notadamente à colônia nipo-brasileira, pois, espalhados desde as encostas da Mantiqueira até os suaves vales do planalto, os agricultores japoneses extraiam os melhores resultados das mais variadas culturas.
Naquele inÃcio da década de 50, o MunicÃpio produzia, anualmente, entre outros produtos, 50 mil sacos de cenouras, 500 mil pés de repolho, 60 mil caixas de peras, possuindo 40 mil macieiras, 60 mil pereiras, 30 mil oliveiras, além de ser o único centro produtor de batatas-sementes.
A Sociedade Belfruta desempenhou importante papel no fomento e industrialização da fruticultura em Campos do Jordão, pois, além de fabricar excelentes sucos e geléias de frutas, doces e bebidas finas, como a famosa aguardente de maçã Calvila, as suas instalações tinham a capacidade de produzir 10 toneladas diárias de frutas, possuindo no Vale do Baú, um moderno estabelecimento industrial com 1.800 alqueires de terras, de 1.000 a 2.000 metros de altitude, onde cultivava 200 variedades diferentes de maçãs, peras, framboesas, morangos (um milhão de pés), abacaxis, pêssegos, mangas, figos, nozes e olivas.
A indústria era de propriedade de Paulo Bockman e de Adhemar de Barros Filho.
A I Festa Nacional da Maçã ultrapassou a expectativa de seus organizadores, contando com larga exposição de frutas, flores e hortaliças, além de produtos industrializados, palestras sobre fruticultura, competições e exibições esportivas, inclusive com a participação de Hélio Gracie, conhecido nacionalmente na arte do Judô e seus alunos, espetáculos teatrais, com a participação do Ballet Oriental de São Paulo, sob a direção do professor Yasuo Otani.
A coroação da Rainha da Maçã, Edith Ogata, foi apoteótica, ao desfilar em praça pública em carro alegórico, em companhia das Princesas Lolly Dal Pino, Ruth Sagesse, Wilma Pontes e Marguerite Wuilleumier e, finalmente, o baile de encerramento na Colônia de Férias da então Força Pública de São Paulo.
A exposição contou com cerca de 30 diferentes espécies de maçãs, muitas das quais expostas pela primeira vez no Brasil.
A revista “Mancheteâ€, de 28 de março de 1953, cobriu o grande evento nacional de fruticultura, finalizando com uma advertência: “Campos do Jordão é bom e belo demais para ser privilégio apenas dos protegidos da sorte e da fortuna. Não é sem motivo que corre nos salões dos hotéis uma observação com sabor de anedota: o brasileiro pobre vai passear na Argentina, o remediado viaja para a França ou Itália, o rico sobe a Campos do Jordão e o milionário desce a Guarujáâ€
Foi o tempo...
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