O MENINO E O PASSARINHO
Ele foi um menino santo que passou por Campos do Jordão em busca de saúde, mas, a tuberculose matou-o aos 12 anos, em 1930. Gostava de celebrar missas, quando criança, seu passatempo predileto. Por isso arrumaram-lhe um altarzinho improvisado no quintal da casa de seus pais. Seus pais, de São Paulo, trouxeram-no à Estância por causa do clima e depois levaram-no para São José dos Campos. Certo dia, soube que se encontrava detido, em Campos do Jordão, um pobre homem porque portava uma arma de fogo. Foi à delegacia falar como o dr. Caio Machado Leite Sampaio, para pedir-lhe que libertasse o preso, não encontrando a autoridade. Deixou um bilhete com o carcereiro, contendo uma caricatura. Quando o delegado chegou, achou estranho o lembrete, mas soltou o preso despachando-o para Pindamonhangaba. Mais tarde, o pobre homem voltou a pé a Campos do Jordão trazendo de presente para o menino uma cabra e dois cabritinhos. O menino recusou. Dizendo que vendesse o presente, pois era pobre e necessitava de dinheiro. O estado de saúde do menino se agravava rapidamente, causando uma enorme aflição à sua mãe Maria Izabel, que não se conformava. Certa tarde, vendo a mãe tristonha, interpelou-a: “Por que esta tão triste, mamãe?” Ela respondeu: “Por nada, meu filho, nunca estou triste ao seu lado!” Entretanto, o menino sabia que aquela tristeza medonha era por causa de seu estado de saúde e disse: “Mamãe, é preciso fazer a vontade de Deus. Nosso Senhor precisa de mim. A senhora está vendo aquele passarinho no alto da árvore? Se eu fizer que ele venha pousa na minha mão e cantar, a senhora acredita que tudo acontece por vontade de Nosso Senhor?” Como a mãe respondeu afirmativamente, o menino disse em voz alta: “Então venha passarinho querido, em nome de Nosso Senhor, vem pousar aqui na minha mão e canta!” Realmente, o passarinho em vôo obediente desceu sobre a mão do menino e cantou um canto doce e mavioso, ao que ele falou: “Então, mamãe, a senhora ouviu o canto da vontade de Nosso Senhor?” Maria Izabel respondeu: “Sim, meu filho, ouvi e agora acredito!” A avezinha retornou à árvore de onde descera, enquanto Maria Izabel começou a chorar e a rezar. O menino voltou a indagar: “Minha mãe, que frei foi esse que esteve conversando comigo?” A mãe respondeu que nenhum sacerdote o havia visitado e que, provavelmente, o filho tivera um sonho. Passado uma hora, bateram à porta. Era o carteiro que trazia uma carta, aberta ansiosamente. Dentro havia o retrato de um sacerdote que falecera há muitos anos. Vendo a fotografia, o menino disse: “Esse retrato, minha mãe, é de Frei Fabiano de Cristo, que ainda há pouco esteve palestrando comigo”. O menino sabia que caminhava para a morte, mas que era por vontade de Deus. Que fosse feita Sua vontade. No dia 21 de dezembro de 1930, por volta das onze e meia da noite, o menino começou a balbuciar: “Que linda estrada atapetada de flores! Como são belas! Quantos anjos! Olha, minha mãe, alguns tocam, outros cantam. Eu vou, mamãe, vou sim. Vejo um clarão, um vulto se aproxima. É o pai da senhora, meu vôzinho”. Principiava a agonia do menino. Ele se chamava Antoninho da Rocha Marmo, o santo-menino, que tem distribuído muitas graças. Em vida, indicara à sua mãe um terreno em São José dos Campos, onde deveria ser construído um sanatório para crianças pobres, principalmente tuberculosas. Em 1952, foi inaugurado naquela cidade o Hospital “Antoninho Marmo”. Um menino santo andou por essa bandas da Mantiqueira.
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