MEU DEUS! O MUNDO DÁ VOLTAS ...
Nos anos 50, jogávamos futebol nos campos jordanenses, ou melhor, ele era um veloz ponta-direita, e suávamos a camisa para marcá-lo como lateral-esquerdo. É que sempre estávamos em equipes adversárias. Para conter seus ataques incríveis pela direita, não poucas vezes, tivemos que arranhar suas canelas. Há algum tempo, ele nos deu a honra de escrever: “Você é testemunha de parte de minhas atividades futebolísticas, jogando pelo Abernéssia, Capivari e pelo Grêmio Estudantil Jordanense, e também do nosso “duelo” durante as partidas que disputávamos e que ficou famoso na cidade, pelo menos no âmbito de nosso colegas”. Referimo-nos a Naércio Aquino Menezes, que foi PhD em Biologia, professor titular do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, além de doutor em Biologia, em Harvard (EUA), com dezenas de obras científicas publicadas em inglês no exterior. Homem simples, desapegado da fama que se tornou um grande cientista brasileiro. O pai, Paulo Menezes, casado com dona Nair, aportou na Estância nos anos 40, tendo sido gerente da DISMACO, concessionária Chevrolet, por muitos anos. Os seus filhos estudaram no Colégio T. C. C., o Paulo, o Nairson, o cientista Naércio e o grande advogado que milita no foro jordanense, Francisco Aquino Neto, além de João Alexandre e Nailze. Naércio Aquino Menezes é um orgulho para Campos do Jordão, São Paulo e o Brasil. Ele pertence a vários organismos internacionais ligados a Zoologia e especialmente a Ictiologia, área que trata dos peixes. Em 1.978, o Príncipe Akihito, do Japão, visitou o Brasil, hospedando-se no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Hoje, ele é o Imperador Japonês. Durante a Copa do Mundo, Naércio achava-se em sua casa na capital paulista assistindo o jogo Brasil X Argentina. De repente, o telefone tocou. Era o Cônsul do Japão. Dizia que o Príncipe Akihito desejava falar-lhe sobre os trabalhos científicos do cientista brasileiro que estudava os peixes japoneses. Por incrível que pareça, Naércio disse ao Cônsul que seria uma honra se recebido pelo Príncipe, mas depois do jogo... Houve uma pausa no telefone. Decerto o Cônsul consultou o Príncipe. Terminado o jogo, Naércio dirigiu-se ao Palácio dos Bandeirantes, mantendo agradável conversa com o Príncipe durante uma hora, ocasião em que presenteou Akihito com seus livros técnicos-científicos sobre Ictiologia. Recebeu em troca os trabalhos japoneses e uma coleção de exemplares de diversas espécies do grupo de peixes que estudava àquela época. Mais tarde, Naércio recebeu em contrapartida uma coleção de peixes japoneses mandada pelo Príncipe. Já como Imperador do Japão, Akihito, esteve antes do ano 2.000 no Brasil em visita à Universidade de São Paulo, tendo o Reitor da USP convidado Naércio para manter contato com o Imperador sobre os seus recentes estudos de Ictiologia. Naércio lá esteve reverenciando o Imperador do Japão, não mais o Príncipe. Em 1978, o famoso cientista francês Jacques Cousteau visitou o Brasil. Queria documentar aspectos da vida selvagem na Amazônia, filmar a propalada voragem e ataques das piranhas no ambiente aquático, o acasalamento do boto e o modo e vida dos peixes amazônicos. Por inacreditável que pareça, o cientista Jacques Cousteau viajou de helicóptero a São Paulo, especialmente para convidar o professor Naércio Aquino de Menezes a participar de uma expedição que iria realizar, desde o Amazonas peruano até Belém, no Brasil. Infelizmente, comprometido com outra viagem ao Exterior, Naércio não pode atender ao honroso convite, mas indicou um colega em seu lugar. Quem poderia imaginar que aquele veloz ponta-direita que nos fazia suar a camisa para contê-lo nos campos de futebol jordanenses, se transformaria no grande cientista, de fama internacional, na área da Zoologia e, notadamente, da Ictiologia? E pensar que o nosso grande cientista tem até hoje as marcas da nossa chuteira em suas canelas? Meu Deus, como o mundo dá voltas!
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