Ó MORTE! QUAL A TUA VITÓRIA?
O escritor Lúcio Cardoso escreveu que não há morte para os que são amados, mas há uma e que dura sempre para os que foram muito. A Estância perdeu há pouco duas personalidades importantes: o engenheiro Luiz Cezário Richieri e o doutor Arakaki Masakazu.
O primeiro foi considerado por seus colegas como um dos dez maiores conhecedores na Topografia do Brasil, auxiliando o Poder Público Municipal em projetos do Plano Diretor, Leis de Edificações, de Preservação Ambiental e Leis de Urbanismo e do Sistema Viário de Campos do Jordão. InteligentÃssimo, aliás, dote de toda a sua famÃlia, colaborava com inúmeras entidades comunitárias jordanenses. O segundo foi legÃtimo lÃder da Colônia nipo-brasileira, além de vereador, vice-prefeito, prefeito em caráter de substituição, em mais de uma legislatura, além de fiel escudeiro de quase todas as instituições de promoção da criança, do adolescente e da saúde dos adultos. A cidade empobreceu com a perda de ambos. Particularmente este cronista ficou no mundo sem dois irmãos, porque irmão é o amigo que escolhemos para toda vida. Uma caracterÃstica muito forte ressaltava na personalidade de ambos, eram a humildade e a simplicidade que marcaram a vida de Luiz Cezário Richieri e Arakaki Masakazu. Ajudaram a cidade que os acolheu por um verdadeiro amor, sem tocar o ruidoso trombone da mÃdia. Foram úteis, silenciosamente, sem buscar as luzes da ribalta e os refletores do palco. Amor verdadeiro. Acentuamos em ambos essa caracterÃstica porque alguns quando morrem, precisam de dois caixões: um para carregar o corpo e outro para levar a vaidade. Em vez de dizer que eles morreram, é preferÃvel escrever que deixaram de viver, mas, viveram intensamente. Onde estão, e estão bem melhor do que estavam, ambos podem cantar os versos de Augusto dos Anjos: “Quando pararem todos os relógios da minha vida e a voz dos necrológios gritar nos noticiários que eu morri, a minha sombra há de ficar aqui†ou como escreveu Fernando Pessoa, a morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser mais visto. O falecimento de Luiz Cezário Richieri e de Arakaki Masakazu nos faz lembrar a advertência de Jean Paul Sartre: “Estamos mortos há muito tempo. Morremos no exato momento em que deixamos de ser úteisâ€. Ambos foram úteis para a famÃlia, para a comunidade e para Campos do Jordão.
Daà o tÃtulo desta crônica que reproduz o grito do Apóstolo Paulo: “Ó Morte! Qual a tua vitória?†Uma impressionante exclamação de pasmo diante da tragédia da vida e da inaceitação da morte.
Pertinente também é o desabafo de Belmiro Braga quando acentuou: “Quantos mortos trago vivos no coração, que quantos vivos há muito estão mortos?â€
Finalmente, pedimos licença para seguir o velho conceito machadiano, segundo o qual o louvor dos mortos é um modo de orar por eles.
Que o Senhor os guarde na sua infinita misericórdia, porque vivos eles foram úteis para a comunidade que os viu sorrir, sofrer, chorar, viver e, finalmente, ressuscitar para a outra vida.
|