DE BATON E SALTO ALTO
O professor de educação fÃsica Leonardo Alves dos Santos contou o episódio vivido por seu irmão Nelson Alves dos Santos, apelidado de Nelson Sabiá, lá pela década de 60, quando os circos na cidade levantavam a lona em uma área livre que havia ao lado do atual restaurante “Senadinhoâ€, de Daniel Cintra, mas do outro lado do rio. Nelson estava acompanhado de um amigo, mas juntando os trocados de ambos, não davam para comprar um ingresso. Por isso, esperaram chegar o sábado, quando havia uma promoção: mulher acompanhada não pagava. No sábado, Nelson Sabiá saiu de casa pronto: com o vestido da mãe, salto alto, lenço amarrado na cabeça, a boca pintada de batom e uma rápida maquiagem. Ficou uma mulherona meio desajeitada e saiu de braço dado com o amigo em direção ao circo. Compraram apenas um ingresso, O porteiro ficou meio desconfiado com o tamanho daquela mulher, aquele jeitão e o modo de andar diferente, mas como há mulheres de todas as alturas e larguras, deixou o casal subir a arquibancada, cujo ingresso era mais barato. Logo começou a sessão, as luzes acenderam, a banda tocou e o mestre de cerimônias foi anunciando: “Respeitável público, abrem-se as cortinas do espetáculo, apresentando-lhes o palhaço “Bolachãoâ€â€œ.
O palhaço entrou no picadeiro vestido de vermelho, fazendo piruetas e dando cambalhotas. Nelson Sabiá esqueceu que era mulher e começou a dar risadas tipo “Papai Noelâ€: “Hô, hô, hô, hôâ€, chamando a atenção dos assistentes e do porteiro. Os seus amigos, quando ouviram aquela mulher dar aquela risada, logo identificaram: “É o Nelson Sabiáâ€, e, em coro começaram a gritar “É o Nelson Sabiáâ€!â€. O espetáculo foi interrompido enquanto o porteiro punha para fora aquela assistente perturbadora. Antigamente, onde se encontra o Parque do Cedros havia um mato fechado, com uma pequena viela acompanhando as margens do rio. Acabrunhado, Nelson, ao sair, preferiu esse caminho escuro para evitar a avenida. Não deu sorte, pois à porta do circo havia um punhado de “bebuns†que notaram aquela mulherona entrar no mato. Não deu outra, saÃram atrás dela para ver quem a pegaria primeiro. Nelson andava depressa, mas a turma corria atrás. Chegou um momento que não dava mais, Nelson atirou-se dentro d’água para atravessar o rio, o pior, de vestido, batom e salto alto, a fim de livrar-se de seus mal intencionados pretendentes. Nunca mais Nelson foi ao circo.
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