QUANDO CONTO, TEM GENTE QUE NÃO ACREDITA
Por incrÃvel que pareça, algumas estórias forenses que espantam pelo ineditismo, são reais, embora pareçam folclóricas.
Uma delas, contou o publicitário Agnelo Pacheco em “Causos da Propagandaâ€, jurando, de pés juntos, que era verdadeira a narrativa.
Foi um caso de merchandising que começou com a colocação de um outdoor na praça da novela “Roque Santeiroâ€, mostrando um bem proporcionado bumbum com o tema: “Hope – a calcinha que mexe com a cabeça dos homensâ€.
Na novela, que fez grande sucesso, a bunda rebolava para uma das personagens – o professor Astromar que, extasiado, via a moça mexer-se no cartaz.
O resultado publicitário superou as expectativas: as vendas das calcinhas subiram de 70 mil para 120 mil unidades.
Contou o publicitário que a revista “Playboy†começou a anunciar que, em sua próxima edição, iria revelar quem era a dona do bumbum que aparecia na novela. Houve grande suspense. Dito e feito, na edição anunciada, a revista, em generosas páginas, exibia a bela modelo Alice de Carli como proprietária do famoso traseiro que tanto sucesso provocara.
Na verdade, houvera um equÃvoco da revista, pois, embora a provocante Alice de Carli tivesse feito as fotos no passado para a marca Hope, não era ela que aparecia no cartaz da novela “Roque Santeiroâ€.
Era Michelle, bela jovem, também de dotes fÃsicos inigualáveis. A moça ficou uma fera com o equÃvoco e ingressou na Justiça com uma ação contra a Editora Abril.
É o próprio Agnelo Pacheco que conta com graça e leveza: “Fui arrolado como testemunha de Michelle. Segundo seus advogados, eu poderia atestar a autencidade daquela bunda exibida no outdoor da Hope.
Na audiência fiquei sentado entre Michelle e Alice de Carli, também arrolada como testemunha.
Antes de fazer a pergunta, o Juiz, mesmo com toda solenidade da audiência, quis matar sua curiosidade.
-- Senhor Pacheco, sempre tive curiosidade de saber. Com é que os senhores fizeram aquela moça se mexer no cartaz?
Expliquei-lhe os detalhes técnicos do efeito. Disse que a moça rebolava numa imagem gravada à parte e que depois essa imagem, por efeito, era inserida no painel do outdoor.
Satisfeito, o Juiz, prosseguiu:
-- De quem é aquela nádega?
Nádega, pensei comigo, que apelido feio para uma bunda tão linda. Mas, sem esperar minha resposta Michelle interferiu:
-- Está na cara que a bunda é minha, senhor juiz.
-- Eu estou perguntando ao senhor Pacheco – cortou o juiz.
MeritÃssimo, a bunda, com o perdão da palavra, é da modelo Michelle – respondi.
O juiz voltou a perguntar:
A senhora confirma, dona Alice de Carli, que a nádega não é sua?
E, Alice, com toda sinceridade:
-- Não, meritÃssimo, claro que não é!
Deve ter pensado, mas não disse, que a dela era melhor.
Saindo do Fórum, ouvi uma senhora reclamando contra a morosidade da Justiça, que não decidia um pedido seu de alimentos. Comentei com um amigo que me acompanhava:
-- Com tantos problemas nesse PaÃs e a Justiça tem que decidir até quem é dona de uma bunda.â€
Michelle ganhou em primeira instância, a Editora Abril recorreu, mas, o Tribunal de Justiça confirmou a sentença de primeiro grau.
Em BrasÃlia, os ministros do Supremo Tribunal Federal confirmaram a vitória de Michelle, com uma decisão que, segundo o publicitário, virou jurisprudência: “quando mexer com a bunda alheia todo cuidado é poucoâ€. E concluiu: “quando conto, tem gente que não acredita.â€
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