NEM PADRE ESCAPA DA MALEDICÊNCIA
O padre Vitor Coelho de Almeida, a voz rouca e fanhosa da poderosa Rádio Aparecida, esteve em tratamento de tuberculose no Sanatório Divina Providência, em Campos do Jordão.
O Brasil inteiro o ouvia na hora da Consagração à N. S. Aparecida, diariamente.
Curado o padre Vitor recomeçou a sua evangelização por todo o PaÃs, através das ondas hertezianas da mais possante emissora de rádio cristã do Brasil.
Religioso importantÃssimo da Igreja Católica Apostólica Romana, o saudoso sacerdote agora pode assistir “lá do alto†o processo de sua beatificação que está no Vaticano, em Roma.
Era um homem puro, determinado, vocacionado que deixou um perfume de rosas na caminhada de 80 anos de sua vida.
Devemos a ele, enquanto esteve aqui tratando a saúde em nossa terra, a instalação do Cruzeiro, erguido e cercado de flores, logo depois do prédio da Bandeira Paulista Contra a Tuberculose, à direita, depois de atravessar os trilhos da E. F. Campos do Jordão.
O frei Crisóstomo Arns, irmão do Cardeal Arns, foi nosso Vigário da Paróquia, naqueles idos da década de 40.
Um dia, frei Crisóstomo convidou o padre redentorista Vitor Coelho para dar um passeio até a encruzilhada na entrada da cidade, que naquela época começava ali.
Lá chegando, padre Vitor Coelho perguntou ao frei Crisóstomo: “Por que não um Cruzeiro aqui?â€
Naquele longÃnquo passado, Campos do Jordão era famosa estação de cura da tuberculose, conhecida em todo o Brasil.
Padre Vitor disse ao pároco o seguinte: “A cruz lembra não só as dores, as angustias e o sofrimento, mas, também a esperança da salvação, e o Cruzeiro representa a superação da dor, a glorificação do sofrimento e a apoteose do Homem que venceu a dor e a morte na Cruzâ€.
Muitos anos mais tarde, o frei Crisóstomo Arns escreveu em livro: “Foi o padre Vitor Coelho, o grande pregador das multidões, um dos responsáveis pela idéia do
Cruzeiro numa encruzilhada de Campos do Jordãoâ€.
E o Cruzeiro está lá até hoje, espalhando bençãos ao povo jordanense.
Contudo, além da bela vida do grande e saudoso missionário redentorista, contou ele próprio um episódio curioso do qual fora protagonista: “Certa vez, fui chamado para atender uma doente que morava numa tapera no meio do mato
Espantando galinhas, em meio aos alaridos dos vira-latas, entrei na palhoça. Ofuscado pelo sol que brilhava lá fora, demorei um pouco para “achar†a doente. Ao vê-la, estranhei o grande amontoado de travesseiros e cobertas em que se afundava. Ajeitei-me como pude e, com toda bondade e carinho, atendi-lhe a confissão, dirigindo-lhe palavras de animo e coragem e terminando com a absolvição sacramental. Quando levantei para dar-lhe a comunhão, a montanha de cobertas começou a agitar-se e no meio delas surgiu o marido da doente! Um sujeito miúdo e magricela, com uma barbicha na ponta do queixo. Contendo o riso e aturdido com a estranha aparição, ouvi o homezinho dizer-me: ‘Seu vigário, sempre ouvi dizê que os padres são uns malandros disfarçados que aproveitá da confissão e das visitas aos doentes prá tentá abusá da muié. Eu quiria tirá isso a limpo e por isso me iscondi aqui prá vê o que acontecia. E vi que o sinhô é um homem sério e santo, que só deu bons conseios pra minha véia. Pois, vancê mi discurpe e agora eu quero confessá tamém e comungá co a minha muiéâ€. Pois foi a primeira vez que o Coelho matou dois coelhos com uma cajadada só.
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