O CICLO DO OURO
(1703 -1874)
O primeiro agente de turismo de Campos do Jordão foi o sertanista Gaspar Vaz da Cunha, o "Oyaguara" (cão bravio) que, vindo do Vale do ParaÃba, escalou as muralhas de safira da Mantiqueira, atravessou a região de Campos do Jordão e partiu em direção à região aurÃfera de Minas Gerais, por volta de 1703.
Lá, extasiado, começou a contar aos mineiros a exuberante natureza por onde passara: o multicolorido das flores silvestres, o garbo elegante dos pinheirais, de braços erguidos para o céu, as águas correntes, lÃmpidas e salubérrimas, despencando de cascatas, o frio cortante e estimulante das epidermes e a impressionante abóbada celestial, salpicada, aqui e acolá, de estrelas.
Incrédulos, os mineiros ouviram o Oyaguara falar de um paraÃso desconhecido na terra.
Mais tarde, em 1771, o sertanista Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, mineiro do Rio das Mortes e morador da Vila Real de Taubaté, pôs-se a admirar os recortes olÃmpicos da Serra da Mantiqueira e, cismado com os tesouros que poderia encontrar naqueles campos de altitude, de madrugada e à s escondidas, subiu a serra esmeraldina, acompanhado dos filhos e de escravos.
Na escalada, enfrentou bichos ferozes do mato e, no Alto da Mantiqueira, ficou enamorado com a região paradisÃaca que encontrara.
Tratou logo de requerer uma sesmaria, arranchou-se nos altos dos campos e fundou a Fazenda Bonsucesso.
A estância jordanense acabara de nascer de um olhar do pioneiro Ignácio Caetano Vieira de Carvalho.
Lutou bravamente contra o sesmeiro vizinho, João Costa Manso, do lado mineiro, que reiteradamente invadia as suas terras. Toda vez que isso acontecia, pedia ajuda da milÃcia da Vila Real de Pindamonhangaba, que “subia a serra†para deter o avanço mineiro.
Graças às forças pindamonhangabenses, Campos do Jordão permaneceu em território paulista.
Ignácio Caetano enriqueceu-se, cuidando do gado e curtindo as suas peles, mas, muito avarento, chegou a negar esmola à Bandeira do Divino.