QUEM FOI ESSE JUÓ BANANERI?
Se eu escrevesse que as primeiras residências em Vila Inglesa e Capivari foram construÃdas por Juó Bananeri, uma delas para Rolando Davis e a segunda para Sinhazinha de Melo Peixoto, o leitor com certeza concluiria que o cronista está muito velho ou muito doido. Afinal quem foi esse Juó Bananeri? Vai aà a sua ficha: Juó Bananeri é o nome literário do engenheiro, poeta e escritor pindamonhangabense Alexandre Marcondes Machado, formado pela Escola Politécnica de São Paulo, entre 1913 e 1917. A sua produção literária, assinada por Juó Bananeri, constituiu-se de crônicas e versos onde misturava as lÃnguas italiana e portuguesa, publicadas em famosas revistas e jornais de São Paulo. Segundo Monteiro lobato, ele criou uma lÃngua própria – o paulistaliano, relatando fatos polÃticos e sociais do século XX em um português macarrônico, mas muito lido e aplaudido.
Seu livro de maior vendagem foi “La Divina Increncaâ€, editado em 1915 e reeditado em 1994. Satiricamente ele se dizia gandidato à gademia baolista de letteras (Academia Paulista de Letras). Tornou-se popular no Brasil graças à sua irreverencia fazendo poesias e paródias, misturadas à lÃngua italiana que eram verdadeiras sátiras. Com referencia a famosa “Canção do ExÃlioâ€, Gonçalves Dias, Juó Bananeri dizia: “Minha terra tê parmeras/ che canta inzima o sabiá / as aves che stó aqui / tambê tuttos sabi gorgeáâ€.
Após a estreia de Juó Bananeri em “O Piralhoâ€, veio o sucesso e os seus textos passaram a ser leitura obrigatória dos paulistas, sempre brincando com tudo e com todos, lidos desde as altas rodas até o povão. Seu livro de sucesso, “La Divina Increncaâ€, era uma paródia de “A Divina Comédiaâ€, de Dante Alighieri. Passou a trabalhar na empresa Sampaio e Machado, que construiu as primeiras casas na Vila Inglesa, contratando como seu empreiteiro o saudoso empreiteiro Pedro João Abitante, uma pioneiro na construção civil de Campos do Jordão. Uma dia Juó Bananeri resolveu fazer gozação com Luiz Vaz de Camões e escreveu: “Sette anno di pastore / Jacó servia labó / Padre di raffaela, serrana bela / Ma no servi o pai / que illo non era troxa no / Servia a Raffaela pra sigazá coelaâ€. Ele fez as delicias das nossas avós nas primeiras décadas do século XX com suas crÃticas mordazes em puro dialeto Ãtalo-paulista queele dominava com perfeição. Era um verdadeiro porta-voz do Bexiga, ou melhor, da colônia italiana de São Paulo.
Juó Bananeri, como engenheiro também prestou serviço de engenharia e arquitetura no começo do século na via de acesso que interligava Vila Capivari à Fazenda da Guarda. Deixou importantes obras arquitetônicas em Araraquara.
Alexandre Marcondes Machado, enquanto engenheiro, mesmo já conhecido como Juó Bananeri, assinava as suas plantas de forma solene: “Alexandre Machado, Engº Civilâ€, “Escriptorio Thécnico dos Engenheiros Octavio F. Sampaio e Alexandre R. M. Machadoâ€.
É fantástica essa Campos do Jordão em termos de história. Tantas estórias ocorridas no passado e que hoje ninguém revela interesse em saber.
“Saber por que? História não dá dinheiro†dizem. E o pior é que a história foi feita para os vivos e não para os mortos.
|